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"Grand Theft Auto: San Andreas" foi anunciado com pompa durante a E3 de 2004 como um dos grandes lançamentos - e temporariamente exclusivo - para o PlayStation 2. Lançado em 26 e outubro do mesmo ano, no quarto aniversário do console nos EUA, a mais recente versão de uma das séries mais influentes de todos os tempos foi estouro de vendas.

Com a exclusividade vencida e mais de cinco milhões de cópias vendidas na terra do tio Bill, "San Andreas" chega ao Xbox e PC sem grandes mudanças. Por um lado, significa que o game continua sendo um dos mais extensos e envolventes de todos os tempos, com um grau inacreditável de ações que podem ser tomados pelo jogador. De outro, os mesmos pequenos defeitos, principalmente gráficos, ainda estão presentes.



Melhorada de visual

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Fãs do Xbox e também do PC sempre esperam que títulos convertidos do PlayStation 2 apareçam melhores em suas respectivas plataformas, principalmente quanto este chega meses depois do original. Isso quase não acontece com "San Andreas". Como na versão para Sony, o visual não é dos mais bonitos, mas o forte do game está na brilhante identificação, quase única.

A versão para Xbox conta com modo de 480 linhas de resolução com varredura progressiva e suporte a widescreen. As texturas ganharam mais detalhes, e os grafites e quadros têm uma definição muito maior. No PC, a resolução é ainda maior, e as texturas se beneficiam mais. Mesmo assim, nos dois casos, não há uma grande diferença em relação ao original.

Ainda que a profundidade de visão tenha sido ampliada, muitas partes do cenário continuam a surgir do nada, um fenômeno conhecido dos jogadores videogames e um dos pequenos defeitos de "San Andreas". Talvez seja complicado demais lidar com essa característica num mapa tão extenso como o de "San Andreas". Mesmo assim, não afeta em nada a experiência do game.

O tempo de espera para carregar o jogo diminuiu sensivelmente e o que já era bom, ficou mais confortável. Como na versão para PlayStation 2, os cenários são carregados dinamicamente, isto é, conforme a movimentação do personagem, com os dados dos mapa acessados automaticamente do DVD. Quer dizer, o jogo está em constante processo de "loading", mas este está escondido do jogador.

Uma função interessante é o de replay instantâneo de 30 segundos. Toda vez que o jogador fizer uma ação que considere digna de reprodução, pode acionar o recurso e assistir quantas vezes quiser. Assim, quem afirma ter visto pé-grande, disco-voador e outros fenômenos estranhos pode provar a sua façanha. Na versão de PC não existe o modo multijogador, mas, acredita-se que ninguém sentirá falta.

A aventura de Carl Johnson, o protagonista conhecido como CJ, é rigorosamente a mesma da versão original e não há grandes motivos para quem jogou a versão de PS2 repetir a experiência no Xbox ou no PC, apesar que "San Andreas" é daqueles jogos que demora para enjoar.



Rolê pelas quebradas

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Classificar "San Andreas" é uma tarefa relativamente simples. Basicamente, se trata de um título de ação com exploração. O que faz a diferença é a escala e o grau de envolvimento do jogador. Praticamente todos os recursos são superlativos e, provavelmente, é um dos jogos mais extensos de toda a história.

Para começar, o mapa é cinco vezes maior que o antecessor "Vice City". Mesmo usando um carro para trafegar pelas ruas das três cidades que ambientam o game, serão necessários vários minutos para deslocar de uma ponta a outra. Porém, mais impressionante que o tamanho, é a identificação visual.

O ambiente parece "respirar" devido aos diversos objetos que compõe o cenário. Há pedestres, tráfego, sinais de trânsito, polícia e incontáveis estabelecimentos comerciais, desde lanchonetes e academias, passando por barbearia e lojas de roupas. E todos esses locais têm função ativa, onde CJ pode comer, malhar, cortar o cabelo e comprar roupas, respectivamente.

As três cidades compõe o jogo são Los Santos, baseado na zona sul de Los Angeles, com seu clima de subúrbio e gueto; San Fierro, inspirado em San Francisco, suas ladeiras e névoas; e Las Venturas, cópia de Las Vegas dos anos 90, com seus característicos cassinos e o grande deserto em volta.



Turma do gueto

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A produtora não esconde suas fontes de inspiração. No caso de "San Andreas" foram filmes de gangues do início dos anos 90, como "Boyz N the Hood". Em linhas gerais, o enredo conta a ascensão de CJ, de como ele passou de líder de uma pequena gangue a uma poderosa personalidade. Para isso, o game propõe diversas missões a serem realizadas e o jogador terá a oportunidade de participar de assaltos, assassinatos e outros tipos de crimes nas mais diversas situações.

Mas essa aventura principal do game é apenas 50% do todo. E os objetivos extras, não-obrigatórios, não são apenas uma imensa coleção de exploração e passatempos, mas expressão de um estilo de vida que o jogador pode seguir em "San Andreas". Nesse sentido, o jogo pode ser colocado na mesma categoria que um "The Sims", tamanha a liberdade que o usuário possui.

Entre os objetivos de exploração estão a troca de grafites, procura por ostras, ferraduras, locais para fotografar e os mais diversos itens. E com um mapa gigantesco, a exploração ganha contornos épicos. Como se não bastasse existem incontáveis desafios de estádios, treinos, veiculares, táxi, ambulância, vigilância e muitos outros. Há também corridas e jogos em cassinos. Enfim, explorar tudo que "San Andreas" oferece pode levar uma eternidade.



Os manos, as minas

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O game permite até sair com garotas e ter namoradas. O resultado vai depender de seu apelo sexual e de como conduz um encontro. O nível de gigantismo também atinge o sistema de desenvolvimento do personagem CJ. Quase todas as ações que o seu avatar realiza, influencia na capacidade de CJ. Levantar pesos faz aumentar a massa muscular e pedalar na bicicleta ergométrica aumenta o fôlego. Aulas de boxe melhoram as técnicas de combate corpo-a-corpo e há experiência para cada tipo de arma de fogo.

Os veículos são partes importantes de "Grand Theft Auto". O personagem pode roubar praticamente qualquer tipo de veículo, desde bicicletas até jatos. Aqui também, quanto mais dirigir e pilotar, melhor será sua capacidade com esses veículos. O controle dos carros na versão de Xbox ficou bem adaptado, tendo o acelerador e o freio designados aos gatilhos L e R, permitindo níveis precisos de mudança de velocidade. Os controle para os aviões já não estão tão bons, devido ao uso dos botões preto e branco.

O PC se destaca nas cenas de tiro, com o mouse sendo um ótimo método de mira. Mas, mesmo no Xbox, os comandos continuam bons, graças à mira automática, que teve uma pequena melhora em relação ao PS2.



Rap nervoso

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Até para uma simples trilha sonora a Rockstar capricha. O jogador tem a disposição diversas estações de rádio, com estilos musicais bem amplos. A lista de músicas é extensa e tem até DJ famosos e talk shows virtuais. Mas o estilo principal é mesmo o hip-hop, bem condizente com o ambiente e os personagens do game. A lista de celebridades também aparece nos dubladores, que vão de Samuel L. Jackson a Peter Fonda. Naturalmente, o trabalho de dublagem é praticamente impecável.

O tema da série pode dividir opiniões e ser politicamente incorreto, para não dizer polêmico, mas é inegável que "San Andreas" seja uma das experiências mais envolventes nos videogames. Para quem conseguir vencer uma barreira inicial, uma aventura em escala épica, para dizer o mínimo, aguardará o jogador. Na verdade, o usuário poderá praticamente ter uma vida paralela dentro do game, tamanha a liberdade e eventos que se têm a disposição. Se o crime não compensa, essa lógica não funciona em "Grand Theft Auto: San Andreas", que é jogo obrigatório seja qual for a plataforma.